MARCELO TEIXEIRA *
Inegavelmente, o centenário do Santos Futebol Clube, comemorado neste 14 de abril, é uma data que deve ser muito destacada pelo grande significado e importância que representa. Por certo, os esportistas Raimundo Marques, Mário Ferraz de Campos e Argemiro de Souza Júnior jamais poderiam imaginar que a iniciativa de organizar um encontro para deliberar sobre a criação de um time de futebol, que contou com a participação de 39 outros idealistas, resultaria, naqueles idos de 1912, na construção de um dos mais belos capítulos da história do esporte que hoje é o mais reverenciado do mundo.
Fico imaginando o que seria de mim, de nós, sem a existência do Santos FC. Moramos em Santos, cidade litorânea, que é muito conhecida por seus filhos ilustres, da arte, da cultura, da política, mas é pelo esporte, especialmente o futebol, que a Terra de Bráz Cubas, da Liberdade e da Caridade, ficou mundialmente em evidência, a partir da década de 60! Como uma agremiação pode enfrentar nas mesmas condições técnicas, equipes tradicionais que estão localizadas em grandes capitais brasileiras? Não existe na história do País uma Instituição que possua tantos títulos e seja uma referência no esporte, que não esteja em capitais!
Ser Santista é conviver com tantas discriminações por parte dos outros torcedores, que não se conformam do Santos FC ser fundador da Federação Paulista de Futebol. Eles se pergutam como uma equipe situada em uma ilha pode contar com o ataque fantástico de mais de 100 gols no Paulista de 1927, revelar o Maior do Século, conquistar o BiMundial, ser o maior detentor de conquistas de toda a história do futebol brasileiro, com oito títulos nacionais, e ainda ter dado à seleção nacional o maior número de atletas em uma única convocação, além de, mais recentemente, criar craques como Diego e Robinho, Ganso e Neymar, que arrasaram as defesas adversárias, conquistando títulos e resgatando a autoestima e a alegria do torcedor santista.
Ah, Santos, graças a Deus, você existe! Você é inconfundível, inigualável, único, mesmo tendo o nome de todos os "Santos", por isso, talvez, tenha a força e determinação de tantos seres iluminados. Você é, de fato, luz, que irradia tantos coloridos para os olhos dos santistas, mesmo sendo o preto, da nobreza, e o branco, da paz! Você parou até uma guerra, desfilando com seu uniforme, unindo até exércitos, que fizeram descansar suas armas, para aplaudirem, felizes e irradiantes, em um estádio de futebol.
Agradeço ao meu pai, exemplo a ser seguido como amante do esporte, que desde o momento que foi com meu avô ao Pacaembu assistir ao clássico San-São, não hesitou em contrariar a própria família, ao ver o atacante do São Paulo chutar a cabeça do goleiro do Santos e tirá-lo, contundido, de campo. Deste episódio em diante, virou santista, para orgulho e honra de milhões de alvinegros praianos. Tive o prazer, desde criança, de assistir partidas no colo do meu pai na Vila Belmiro, torcendo pelas fantásticas equipes do Peixe. Já adolescente acompanhava meu pai como dirigente esportivo, testemunhando sua verdadeira paixão e fidelidade por esta agremiação, independente dos homens, porque seu mestre, Modesto Roma, afirmava: "Milton, os homens passam, eu, você, todos passarão. Mas o nosso amado Santos ficará!".
Presenciei meu pai assumir compromissos ousados e abençoados, pois no futebol nem sempre o seu esforço e competência serão decisivos para o sucesso. Montou equipes vencedoras, como em 1976, adquirindo atletas como: Neto e Ailton Lira, Joãozinho, Nelsinho e Gilberto, Nilton Batata, João Paulo, que serviram de base para a formação dos Meninos da Vila de 78. Em 1982, Milton foi novamente chamado pelo então presidente Ernesto Vieira da Silva e montou um grande esquadrão, com Rodolfo Rodrigues, Chiquinho, Marcio, Toninho Carlos e Paulo Robson, Dema, Paulo Isidoro e Pita, Lino, Serginho e João Paulo, equipe vice-campeã brasileira em 1983, sagrando-se campeã paulista de 84. São exemplos vivos marcados em minha memória, que serviram de incentivos para que tivesse uma formação de mestrado nesta trajetória esportiva.
As novas gerações desconhecem que o Santos FC teve muitos altos e baixos, não devido à perda de sua realeza, mas em decorrência da limitação dos homens, que preferem impor as suas próprias vaidades, criando políticas que dividiram os próprios santistas. Santos de hoje está bem mais preparado para enfrentar as dificuldades do novo milênio, tão estruturado que está comparado entre os principais do mundo, voltando a ter a principal trajetória esportiva de sua história nesta década de 2002 a 2011, com exceção da década de 60. Nestes últimos 10 anos fomos bicampeões brasileiros (2002/2004), tetracampeões paulistas (2006/2007/2010/2011), 2 vezes vice-campeões brasileiros (2003/2007), 2 vezes vice-campeões paulistas (2000/2009), campeão da Copa do Brasil (2010), campeão da Libertadores da América (2011), vice-campeão da Libertadores da América (2003) e vice-campeão do Mundial de Clubes (2011). Em quase todas as temporadas nesta década, nossos apaixonados torcedores acompanharam nossas exemplares e fantásticas equipes em finais de competições regionais, nacionais e internacionais. Em 10 disputas de Libertadores de América, estivemos presentes em 6 edições, voltando a ter o respeito internacional e a admiração dos esportistas.
É certo que essa invejável posição alcançada no cenário esportivo, construída ao longo de cem anos, deve ser enaltecida, porém enseja à obrigação de realizar um inestimável tributo de reconhecimento aos atletas, dirigentes e funcionários, muitos anônimos, que dedicaram força de trabalho, amor e parte de suas vidas à construção desse bonito relicário de glórias.
Fico emocionado em sair das arquibancadas para sentar na cadeira como o presidente mais jovem de sua brilhante galeria de dirigentes esportivos, de ter sido um dos poucos na centenária história a voltar à presidência para construir uma das mais belas e respeitáveis páginas de uma Administração, contando com a confiança democrática do quadro associativo para que pudéssemos modernizar e profissionalizar nossa invejável estrutura.
Obrigado, Senhor, por ter o privilégio de torcer pelo Santos FC, de nascer, viver e nele poder até morrer, porque serei feliz e descansarei muito orgulhoso em paz!
* Marcelo Teixeira é conselheiro nato e foi presidente do Santos FC no biênio 1992/1993 e de 2000 a 2009.
* Marcelo Teixeira é conselheiro nato e foi presidente do Santos FC no biênio 1992/1993 e de 2000 a 2009.
Parabéns Presidente....
ResponderExcluirVc também faz parte do nosso atual momento, pois apesar da competência da atual diretoria no que tange à visão empresarial, muito disso se deve às suas administrações que estruturaram nosso Glorioso SANTOS.
Hoje voltamos a ser protagonista no Futebol Mundial.
ABRAÇOS
RUI NUNES
Campo Grande(MS)
Nesses 31 anos de Rádio trabalhando na cobertura jornalística do Santos F.C vivenciei inúmeras histórias. Lembro-me de um dia em que a torcida Santista inconformada pela derrota diante da Ferroviária de Araraquara na Vila Belmiro, fazia um grande protesto na porta do Estádio Urbano Caldeira exigindo reforços urgentes. O então presidente Ernesto Vieira da Silva, em dificuldades com aquela situação não hesitou em procurar o DR Milton Teixeira para ajudá-lo na diretoria. O DR MIlton não se intimidou com a situação difícil que o clube atravessava e atendeu a solicitação do Presidente . A situação era tão grave que a atual CBF, na época, disse que o Santos só disputaria o campeonato Brasileiro como convidado, e mesmo assim, diante de uma condição: " montar uma grande equipe". Mas como? diziam os céticos. Com que dinheiro? O DR Milton Teixeira pelo amor ao Santos contratou Serginho Chulapa, Paulo Isidoro, Dema, Rodolfo Rodrigues (este, também com a ajuda do Pelé) além de Lino e outros jogadores. Na época não tinha dinheiro da Televisão como hoje. Não tinha grandes patrocínios como hoje. Então como explicar a razão de alguém colocar dinheiro do seu próprio bolso e da própria família sabendo que o clube não tem recursos? Amor ao Santos. Hoje falamos nas conquistas que são muitas e memoráveis. Mas cabe uma pergunta que só Deus poderia responder. Se naquela época, o DR Milton Teixeira não fosse socorrer o Santos F.C, e o então presidente Ernesto Vieira não encontrasse outro abnegado como o DR Milton para fazer o que fez, o que seria do Santos? Não disputaria o campeonato brasileiro de 1983, pois iria para a taça de prata. Sem aqueles reforços talvez não fosse campeão paulista diante do Corinthians em 84. Talvez a crise que já era insuportável ganhasse uma proporção inimaginável. O ex-presidente Rubens Quintas não suportou uma crise dessa natureza e renunciou ao cargo. Será que se o Ernesto Vieira não encontrasse um amigo como o DR Milton para sanar a crise, ele também não renunciaria diante da imensa pressão? E aí a pergunta: Qual seria o futuro do Santos então? Seu curso de glórias não seria alterado pela história devido a difícil situação? Essa é uma pergunta cuja resposta só Deus poderia dar. Mas uma pergunta que muitos fazem é bem mais fácil de responder. O que faz uma família como a do saudoso Modesto Roma, Nicolau Moran e a família Teixeira, colocarem recursos financeiros próprios, dedicar parte de sua vida ao clube em detrimento de seus negócios. Se sujeitarem a julgamentos maldosos e na maioria infundados de pessoas movidas pela inveja. De muitas vezes abrirem mão do precioso tempo que seria destinado a família, aos filhos, para dar ao clube. Só uma coisa explica isso tudo. Amor ao Santos F.C. Parabéns Santos F.C pelo centenário. E parabéns a todos,como a Familia Texeira e outras famílias que por amor ajudaram e continuam ajudando a construir a história do Alvinegro mais famoso do mundo.
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