Todo este simbolismo triste, mas real, na vida do torcedor chegou ao fim no dia 15 de dezembro de 2002. Nesta data, um garoto de 18 anos, vestindo o manto preto e branco, fez a diferença e, junto com um grupo de Meninos da Vila, devolveu o orgulho dos devotos do Santos Futebol Clube.
Esta é uma data que jamais esquecerei. Quando reassumi a Presidência do clube em 2000, prometi que recolocaria o Santos FC no caminho dos títulos. Queria fazer o mesmo que meu pai, Milton Teixeira, presidente campeão paulista pelo Peixe em 1984, então último título de relevância do clube. Batemos na trave em 2000 e 2001 por detalhes que hoje não tenho dúvida que foi obra divina. Queria Deus mostrar que o caminho da vitória do Santos é sempre revelando valores.
Não me esqueço que em 2000 e 2001, o saudoso amigo Luiz Souza Júnior insistia que investíssemos em meninos. Foi ele que me convenceu a trazer para o clube nomes como Fábio Costa, Renato, Elano e Alex. Jovens valores, mas sem nenhuma expressão quando chegaram ao Santos. Foi o primeiro passo para montarmos a base do time vencedor.
Elano, um menino da Vila que contratei do Guarani
Depois de batermos duas vezes na trave, pensava que não conseguiria concluir meu sonho de fazer o Santos campeão. Neste momento, já no início de 2002, voltamos nossa atenção para a recuperação do Patrimônio físico do clube, que estava muito lapidado, e para a profissionalização os serviços do clube. Pensava que se não conseguisse fazer o time campeão dentro de campo, iria fazê-lo fora dele.
Mas outra obra divina aconteceu e uniu duas marcas fortes e que estavam deixadas de canto: Santos FC e Emerson Leão. Não tenho dúvidas que foi Deus que iluminou a Dona Josefina, esposa do ex-presidente da FPF Eduardo José Farrah, que me convenceu a contratar Leão, que tinha acabado de ser demitido da Seleção Brasileira e estava em baixa.
Falei ao Leão que tínhamos grandes promessas no clube. Diego, Robinho, Fábio Costa, Renato, André Luiz e outros. E ele aceitou o desafio de dirigir este novo momento do Santos, onde a base voltaria a ser valorizada. Acordo fechado e Leão teve quatro meses para treinar a segunda geração de Meninos da Vila.
Começa o Brasileiro e ninguém acreditava no Santos. Nem imprensa, nem adversários, nem especialistas. Apenas os santistas cuja fé é inabalável acreditavam naqueles meninos do Leão.
O Santos FC chegou ao mata-mata como último colocado, graças à derrota de um rival, e teria que enfrentar o São Paulo, campeão da primeira fase. Missão impossível? Para o Alvinegro Praiano isso não existe.
O Peixe venceu dentro de campo um time que tinha Kaká, Luis Fabiano, Ricardinho e outros. Uma derrota que acirrou ainda mais a rivalidade entre Santos e São Paulo. Depois foram duas batalhas contra o Grêmio, sendo que a primeira na Vila, o menino Robinho e o experiente Alberto deixaram o veterano goleiro Danrlei com muita raiva. E, como só vencem guerras que prosperam em batalhas, o Santos avançou para as finais.
Após vencer por dois a zero o primeiro jogo das finais, chegamos no dia 15 de dezembro de 2002 querendo acabar com um jejum de 18 anos. E o adversário era ninguém menos que o Corinthians, campeão da Liga Rio-SP e da Copa do Brasil naquele ano. Foi um espetáculo voltar a ver a torcida do Santos FC dividir por igual o Morumbi com a torcida do Corinthians, que estava cheio com 74.592 espectadores.
Lembro bem daqueles 90 minutos. Foram os 90 minutos mais intensos de toda a minha vida. Começa o jogo e Diego, destaque da primeira partida, sai machucado. Para tranqüilidade, ainda tínhamos o Maestro da Vila no banco. Robert entra e cadencia o time.
Logo após, aos 37 minutos o abusado Robinho dá oito pedaladas em Rogério e arruma um pênalti, cobrado e marcado por ele mesmo, dando a vantagem para o Peixe. Mas, vem o segundo tempo e o Corinthians virou para 2 a 1. Foi uma agonia que só acabou aos 43 minutos do segundo tempo, quando Robinho dá uma assistência fenomenal ao Elano que marca um golaço. E, após deixar Kleber e Vampeta no chão, aos 47, Robinho acha Léo que liquida a fatura. 3 a 2. Santos campeão brasileiro pela sétima vez.
As eternas pedaladas de Robinho
O dia 15 de dezembro de 2002 é uma página importante da história do maior clube do mundo. Depois desta data, o patrimônio e o futebol de base voltaram a ter a devida atenção do clube, se tornando a prioridade das ações administrativas. Pois são áreas vitais para a conquista de novos títulos, como foi provado naquela data e em outras que vieram depois. Depois daquele título o mundo do futebol viu como Davi vence Golias. E é investindo na base. Que o digam Paulo Henrique Ganso, André, Alan Patrick, Neymar e que dirão Jean Chera, Gabriel e Tiago Alves. Dia 15 de dezembro de 2002. Esta data está marcada pelo ressurgimento da Fênix adormecida do futebol mundial. E tenho muito orgulho de ter construído este momento.
Assista o video especial do Brasileiro de 2002
Jogos para Sempre- Final do Brasieiro de 2002
Parabens Marcelo....Sua administração foi recheada de tantos meritos, que renderá frutos para o clube durante muitos e muitos anos...Veja, a questão do reconhecimento dos titulos, as promessas da base, o time campeão deste ano onde 80% foi montado por você e por ai vai. Saudações Alvinegras !!!!
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