sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Eu conheço outro Neymar

Tenho acompanhado, através do noticiário esportivo, a trajetória da carreira do atleta Neymar. Muitas críticas destrutivas, com exageros em comentários de pessoas que desconhecem a vida de Neymar e de seus familiares, prejudicando a excelente imagem de um menino muito bem educado, amparado por seus pais, que desde os seus 11 anos mostrava ser um jogador diferenciado, por sua habilidade, por sua técnica, por sua disciplina e por sua dedicação aos treinamentos.

Quando o conheci, na época, ele havia sido convidado a se transferir para o exterior com apenas 14 anos de idade, para jogar no Real Madri, mas preferiu permanecer no Brasil, jogando no Santos FC, após ouvir os conselhos da presidência e de seus pais, ignorando valores milionários oferecidos pelo clube espanhol, assinando compromisso com o Alvinegro Praiano até a sua profissionalização.


Neymar com Ronaldo e Cicinho no Real Madrid em 2004

Nas categorias de base sempre demonstrou respeito com seus treinadores, companheirismo com os atletas das equipes em que atuou, mesmo já sendo tratado no Santos FC como um fora de série, recebendo salários e luvas diferenciadas dos demais jogadores, nunca esnobou ou comparou o seu vínculo com outros contratos do Departamento de Base. O Neymar, juntamente com sua família, se acostumou com melhores condições de vida desde o seu aparecimento no futebol e por que só agora ele iria provocar outros jogadores, dentro de campo, comparando sua melhor condição econômica?


Neymar, em 2005, comigo e com Robinho na inauguração
da Pedra Fundamental da obra do CT Meninos da Vila

Assinou seu primeiro contrato profissional com apenas 16 anos, mantendo sua simplicidade e afirmando que recompensaria a nossa confiança e os investimentos do Clube com muita determinação, honradez e amor pela camisa alvinegra.



Eu com os Neymars na assinatura do contrato profissional em 2009

O Neymar e sua família cumpriram com suas obrigações. Por isso, causou-nos surpresas com os últimos noticiários insinuando desvios de personalidades e atitudes que não condizem com o caráter e a postura do atleta que conhecemos tão bem.

Sua família sempre recebeu recursos sempre acima da média e soube manter sua humildade. Afirmar que o jogador Neymar menospreza companheiros de trabalho dizendo “já ser milionário”, não reflete a atitude e a formação dada pelo clube e por sua família a ele nestes últimos anos.

O atleta é jovem, tem apenas 18 anos, precisa de muito amparo, de orientação permanente, porque passou de uma promessa para a realidade neste semestre de 2010, com a titularidade absoluta na equipe, com os títulos alcançados, com a fama e assédios da imprensa e fãs, chegando à convocação à seleção brasileira e a bela estréia em gramados norte- americanos.

Não devemos passar a mão na sua cabeça ou paparicar encobrindo os problemas e mimando negativamente Neymar, mas mostrando rumos, acompanhando bem de perto este seu momento, com atuação fundamental dos atuais dirigentes e principalmente o técnico Dorival Jr. e seus pais que precisam continuar próximos, muito próximos deste adolescente, para ensinarem os verdadeiros caminhos e procedimentos do nosso novo astro.


Neymar comigo na sala da Presidência do Santos FC
 
Recriminar o Neymar após o uso indevido do twitter, sem antes adverti-lo para esta nova ferramenta de Comunicação, recriminar por não entrarem em uma Instituição Benemerente sem explicar as razões da visita, noticiar com destaque o atraso na chegada na concentração quando deveria ser multado internamente por desrespeitar as regras profissionais, são algumas das ações muito divulgadas para desviar a atenção do talento e da qualidade de um jogador de futebol acima da média, que requer muita orientação e esclarecimentos para evitar estes transtornos.

Repudio a atitude do atleta diante de seu treinador e do capitão da equipe, desrespeitando a hierarquia no Clube. Discussões dentro dos gramados são comuns, normais, desde que sejam dentro dos limites das relações esportivas. Contudo, é estranho ler declarações destes personagens e de outros companheiros do grupo que dias antes afirmaram que defenderiam e lutariam para preservar o Neymar de nossos adversários, sendo que ele continuou “caçado” e “perseguido” dentro de campo, sem que nosso capitão e nenhum dos atletas viessem defendê-lo ou pressionar o árbitro com medidas mais drásticas na preservação do futebol-arte.

Neymar perdeu seus companheiros selecionáveis, André, Robinho e Paulo Henrique, além do polivalente Wesley, enfraquecendo a equipe santista que encantou o País no primeiro semestre, sendo ele, Neymar, o único remanescente dos craques na equipe atual. Neste instante de transição não é momento para rompermos a união e a força dos profissionais, nem devemos dar a responsabilidade a Neymar nesta hora do Campeonato Brasileiro, tarefa que deve ser exercida pelos jogadores mais experientes do grupo. Neymar deve sim continuar com o seu fantástico futebol ajudando seus companheiros a decidir as partidas para o Santos FC.

Afinal, queremos ver os dribles, as gingas, o futebol irreverente e ofensivo do Neymar, com seus belos lances e gols, ou aplaudir os zagueiros e volantes violentos, que impedem o atleta de desenvolver normalmente o seu futebol? Aplaudimos as jogadas de efeito e o talento do Neymar ou preferimos lamentar contusões sérias que muitas vezes impedem a continuidade da carreira dos nossos craques?

Apelo aos nossos comentaristas para que conheçam melhor o Neymar, como conheço desde os seus 10 anos, que saibam de seus costumes familiares, de sua convivência com os amigos, de seus passeios em “baladas”, que faz questão de ser acompanhado pelos pais e por sua irmã, que critiquem com propriedade e responsabilidade para continuarmos construindo a carreira deste profissional, exemplo para todas as gerações, que orgulhará os santistas, os brasileiros e esportistas apaixonados pelo futebol.

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