terça-feira, 22 de junho de 2010

Moradores de Rua

Temos notado muitas discussões a respeito de população de rua. As autoridades preparam suas campanhas baseadas em “não dê esmolas nas ruas”, “não ofereçam comidas a mendigos”, “evitem assistir mendigos com roupas, cobertores e alimentos para não motivá-los a permanecer nas ruas”!  Entendo que com estas simples e insensíveis iniciativas não resolveremos as questões desta triste situação de nosso país.  Perguntamos: quais ações os governos têm feito, com políticas claras e objetivas, direcionadas a pessoas excluídas da sociedade, para tirarem estes pobres indíviduos das ruas, muitas vezes, confundidos por lixos ou restos de materiais? Quando são notados, são olhados como bandidos e malfeitores por não estarem bem trajados, bem vestidos, cheirando mal, com péssima aparência, por não conseguirem sequer um local público para fazerem suas necessidades e fazerem suas higiênies, são negados diversos serviços do estado como atendimentos à saúde, trabalho, moradia e educação. A resposta da sociedade para quem está na rua é o estigma: vagabundo, malandro, vadio ou quando muito coitado. Antes de serem populações de rua são pessoas humanas, que sentem, amam, riem, choram, sofrem e ainda sonham. A sociedade não os vêem, mas muitos desejariam ser vistos.

Viver ao relento equivale à condição de higiene inadequadas, alimentação precária, exposição de intempéries, aglomeração ao dormir, sexo sem preservativos, uso e abuso de álcool e outras drogas. Será que estas pessoas escolheram e optaram em caminhar sem roupas, sem calçados, dormindo em marquises, sem opções de mostrarem seus dons e talentos, do que se sentirem úteis e produtivas à sociedade? Nitidamente, há preconceitos e rejeições a “irmãos de rua”, porque existem perigos eminentes tão próximos de nós do que no convívio nos becos das ruas, tantos dependentes químicos em locais noturnos da sociedade, violência desenfreada em adolescentes e jovens de classes economicamente favorecidas, do que nos abandonados de rua.

Por quê estas pessoas chegam as ruas? Muitos estudos são feitos e divulgados, com conclusões interessantes, mas que não se revertem em ações de benefícios aos marginalizados.

Fatores como desemprego, conflitos familiares, dependência química, doença mental, narco-tráfrico e falta de moradia são os que levam homens, mulheres, crianças as ruas.

A mudança no mundo do trabalho tem influenciado as relações sociais, as condições econômicas, as estruturas políticas. A aceleração das desigualdades sociais são inerentes às transformações verificadas no mundo do trabalho, bem como dentro da própria estrutura do sistema capitalista. Estas distorções devem ser corrigidas em nome da cidadania. A sociedade deve ser mais humana.

Fica evidente que existiu um crescimento de produção de bens materiais e serviços, forma-se um enorme contingente de excluídos dentro do mundo do trabalho cada vez mais exigente de pessoal qualificado.

Existem cidadãos no terceiro mundo e cada vez mais deixamos de ser cidadãos para tornarmo-nos consumidores e usuários, mas há sentimento de frustração, pois nem todos podem tornar-se consumidores na modernidade. Tal impossibilidade cada vez mais se acentua em virtude do desemprego. Em muitos casos, indivíduos deixados de lado do mundo do trabalho tornam-se excluídos de vínculos familiares e vão parar no “meio da rua”. Ir para a rua é encarado como uma espécie de solução racional que as pessoas adotam para sobreviver e escapar de uma situação pior em suas vidas.

Torna-se mais difícil o individuo sair definitivamente da rua, retorne ao lugar de origem, consiga emprego, constitua família, à medida em que aumenta o tempo de rua. De forma geral, o individuo vai sofrendo um processo de esgotamento físico e mental, em função da má alimentação, precárias condições de higiene e pelo uso constante de álcool.

Esta população está exposta a toda sorte de violência vinda de autoridades, dos próprios companheiros e do trânsito. Nessa situação, fica difícil ser aceito em qualquer tipo de emprego, mesmo recorrendo ao discurso de trabalhador desempregado que perdeu seus documentos.

Necessitamos de adoções de medidas urgentes por instituições governamentais, porém os setores do terceiro setor, como ong’s, são acomodadoras, não contribuem para que os moradores de rua possam sair da situação de penúria que se encontram.

Temos conhecimento de reuniões de audiências públicas para discutir estes assuntos, aproveitamos para cumprimentar estas inciativas rogando que novos fóruns sejam feitos, com a presença de pensadores, visionários, reformadores, intelectuais, analistas acadêmicos, críticos sociais, estudantes e vários grupos de pessoas comuns, exigindo mudanças na ordem social vigente.

Em Santos, levantamentos apontam que temos uma população de rua flutuante, geralmente deitados em ruas e avenidas, que acabam pernoitando em logradouros públicos por curto espaço de tempo e que, em muitos sentidos, são considerados moradores em situação de rua. São identificados por funcionários públicos e colocados em ônibus para retorno às suas cidades de origem, apenas transferindo ou retornando o problema para outra praça. Moramos na cidade de Bráz Cubas, da caridade e da liberdade! Como exemplo, possuímos galpões, armazéns vazios, que com programas e o apoio da iniciativa privada, seriam recuperados, construindo dormitórios individuais e sanitários coletivos, criando regulamentos de condutas e comportamentos, fiscalizados pela secretaria de ação social, com direito a vagas para suas carroças, possibilitando, também, investimentos em equipamentos para a exploração, dos próprios carrinheiros, dos materiais por eles colhidos das ruas.

Iluminados pela palavra de Nosso Senhor, pedimos inteligência e discernimento para que, mediante o trabalho solidário e o entendimento do que é belo e justo, nossas ações sejam ordenadas para o bem comum, plantando esperanças novas e não abortando os sonhos de vida.

Deus é amor, vamos ajudar a abrir nossos corações ao amor verdadeiro, puro e sincero, para que tenhamos um mundo mais justo e solidário.

Enfrentemos os problemas, acolhendo os oprimidos. Somos chamados e testados a dar testemunho da fé nas contrariedades da vida. Vamos ter criatividade de construir relações novas, verdadeiramente fraternas.

Os pobres não têm pão suficiente na mesa, estão famintos, não possuem boas refeições diárias, porém Jesus é o pão da vida e por causa deste pão eles continuam alimentados e protegidos pelos céus.

Não fiquemos presos aos bens materiais, possamos dividir o que nós recebemos gratuitamente do pai, porque a vida plena em deus supõe a partilha, conscientizando nossos filhos e  gerações o caminho da justiça, para superarmos toda forma de exclusão, de escravidão, de exploração, de preconceitos, inaugurando uma nova fase humana, fundamentada na partilha e no amor.

Com as palavras de lindas canções do rei  Roberto Carlos, rezo: 

 “...peço a Maria Santíssima, levai esta prece a Jesus, santa mãe que nos guia, de joelhos aos chãos , aliviai as tristezas e dores que sentimos, clareai o caminho daqueles que vivem perdidos, olhai para aqueles que o mundo deixou esquecidos... ...quem vem a mim se alimenta do pão da vida, quem segue os meus passos não sente feridas, tem paz que eu dou e é feliz...

...senhor, quem sou para entrar em minha morada... ...senhor, consolai os que choram, curai os que sofrem nas ruas, nos becos escuros, nas chuvas, no frio, sem teto e sem pão... ...piedade daqueles que pensam que a felicidade é a riqueza, o poder... ...ser feliz na verdade é quem tem Jesus dentro do coração!

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