quarta-feira, 24 de março de 2010

Nota de esclarecimento

Quanto ao parecer da Comissão Fiscal do Conselho Deliberativo do Santos Futebol Clube relativo ao Balanço Patrimonial do exercício findo em 31 de dezembro de 2009, divulgado na imprensa, Marcelo Teixeira, ex-presidente do clube, tem a esclarecer:

1. Valor da dívida


A composição da dívida existente no clube retratada no parecer da Comissão Fiscal não foi contraída apenas na última gestão. Vale ressaltar que do montante apresentado, quase 100 milhões de reais refere-se a dívidas fiscais acordadas com os respectivos credores, através de Refis já feito pelo clube e da Timemania. Portanto, são valores com previsão de quitação a longo prazo, não comprometendo o caixa do Santos. O montante restante é formado por empréstimos bancários e dívidas com fornecedores e demais credores.

Ressalta-se que são valores perfeitamente administrados, se considerado o patrimônio físico existente no clube e o valor de mercado de vários jogadores do atual plantel do Santos, que foram mantidos no Santos paa garantir melhores resultados em campo, como vemos hoje. Optou-se por tanto, em assegurar um bom desempenho desportivo do time ao invés de se buscar somente saldos financeiros. Convém lembrar que esta dificuldade de caixa não é um privilégio apenas do Santos FC e sim de quase todos os clubes brasileiros e de grandes clubes mundiais, que encontram-se com dívidas e conquistando títulos, este sim o principal ativo que um clube pode ter.

2. Parceria com a DIS


A parceria com a DIS, empresa de Delcir Sonda, ao contrário do que diz o parecer, é muito vantajosa ao Santos. Isso porque a DIS assegurou a permanência de vários atletas no clube, diante da realidade imposta pela Lei Pelé, onde que para assinar seu primeiro contrato profissional o atleta pede participação em seus direitos econômicos em uma futura venda. Na verdade, a DIS adquiriu a parte que pertencia aos jogadores com a condição de que os memos ampliassem seus compromissos com o clube na questão do tempo de contrato, garantindo a permanência por mais tempo do jogador. Vale ressaltar que, em todos os casos, o Santos sempre resguardou a maior parte dos direitos econômicos dos jogadores.

Além disso, em um momento em que o clube necessitava de recursos para fazer novos nvestimentos e contratações, a DIS disponiblizou estes valores e em contrapartida, adquiriu pequenas parcelas dos direitos econômicos pertencentes ao clube em alguns jogadores da base, que na época eram apostas e que hoje consolidaram como realidade no futebol brasileiro.


Ressalta-se que o clube tem todo o poder de gestão do negócio destes atletas no período de vigência dos respectivos contratos.





3. Direitos federativos do jogador Rodrigo Tabata


Como já foi amplamente esclarecido pela imprensa, o Santos emprestou o atleta Tabata ao Gazantiespor, da Turquia, em 2008, com valor do passe fixado. Vale lembrar que na época, o atleta não demonstrava um bom desempenho em campo incompatível com sua renumeração profissional. Além de auferir ganhos com a transferência (500 mil dólares), o Santos deixou de desembolsar os valores mensais contratuais com o jogador. Ao final deste período, o Gazantiespor transferiu o atleta de clube dentro da Turquia sem auferir ao Santos os valores pevistos em contrato. Prova disso, é que o atleta continua registrado no Boletim Informativo Diário da Confederação Brasileira de Futebol. Cabe ao clube buscar na FIFA seus direitos econômicos restantes. A demora na solução do caso se deve, principalmente, em razão do não pagamento das multas devidas pelo Gazantiespor pelo descumprimento dos prazos de quitação das parcelas acordadas e também pelo não repasse de valores que deveriam ser pagos em razão de transferência realizada entre clubes da Turquia.



4. Impostos não recolhidos


As dívidas de impostos mencionadas no parecer da Comissão Fiscal já estavam em fase de refinanciamento junto à União, processo este que foi interrompido por restrições da atual gestão, que ao que parece, já deu sequência a conclusão deste refinanciamento.

5. Parecer dúbio


A leitura atenta do parecer da Comissão Fiscal deixa claro a conotação política dada à análise dos demonstrativos financeiros do clube. A própria comissão admite, no item 2 do parecer, não ter sido "possível acompanhar mensalmente o exercício de 2009", o que por si só já comprova a superficialidade da análise. Também deixa claro a tendência de desvirtuar entendimentos na medida em que atribui à auditoria independente a responsabilidade da armotização total dos direitos federativos ainda remanescentes, quando, na verdade, a auditoria ressalta, no segundo parágrafo do item 5 da página 11 de seu parecer, que esta armotização aconteceu por determinação da atual administração. Com esta operação contábil, os ativos do clube reduziram em mais de 92 milhões de reais, induzindo a crença de que o clube passa por dificuldades financeiras.

O parecer da Comissão Fiscal, que deve se limitar às análises contábeis, vai ao confronto com o parecer da Auditoria Independente, que recomenda a aprovação das contas de 2009. Vale ressaltar que a Comissão Fiscal foi composta de forma política, enquanto a Auditoria Independente reúne membros capacitados, com expertise de mercado, devidamente certificados no Conselho Federal de Contabilidade. Já a Comissão Fiscal conta apenas com um contador, o restante de seus membros são profissionais com outras atuações e sem o conhecimento técnico necessário para fazerem uma análise fiel de números financeiros.

Há de se perguntar : como eles podem recomendar a não aprovação se reconhecem que não tiveram tempo para analisar com critérios o balanço? A Comissão Fiscal anterior analisou desde Janeiro até 31 de outubro de 2009 todas as contas e não apontou nenhuma irregularidade, assim como a Auditoria Independente. As contas e os números do balanço estão corretos e na mais perfeita ordem, conciliando com todos os documentos do Clube, conforme comprova o parecer da Auditoria Independente.

O que mudou da eleição para cá? Afinal de contas, quais segredos podem conter um parecer dos atuais membros da comissão fiscal a não ser o propósito político de tentar desvalorizar nosso vitorioso trabalho, uma vez que eles contrariam o parecer favorável da auditoria independente - esta sim composta por profissionais capacitados para realizar uma avaliação técnica desprovida de intenções políticas.

Se a Comissão Fiscal aponta algumas dúvidas sobre fatos administrativos da Diretoria, por quê seus membros não chamaram os responsáveis para os devidos esclarecimentos? Por quê nem foi dado o direito de defesa dos integrantes da Diretoria, antes da finalização do atual parecer político da Comissão Fiscal? Por inúmeras vezes, os diretores anteriores se colocaram a disposição para dirimir qualquer possível dúvida, colaborando com a atual gestão reconhecendo o tempo limitado e apropriado para as reais conclusões.

Ao alterar conceitos numéricos e induzir a falsos entendimentos, a atual gestão insistentemente tenta induzir a erro e manchar uma administração competente e honesta, cujos resultados estão à vista de todos e no grande patrimônio legado.

6. Transparência e dois editais


No entanto, é de se lamentar a atitude adotada pela atual gestão do Conselho Deliberativo do Santos FC em dificultar o acesso dos conselheiros aos demonstrativos financeiros e os respectivos pareceres da auditoria independente e da Comissão Fiscal referentes ao balanço financeiro referente a 2009, o que de nota total falta de transparência e motiva grande desconfiança a cerca das reais intenções que motivaram essa iniciativa condenável. Ao impedir vista aos documentos, os atuais dirigentes do Conselho rompem com uma tradição de 25 anos do clube e, ao que parece, tentam mais mais uma vez dar contornos políticos a um processo técnico e financeiro, que exige análise criteriosa por parte dos conselheiros. A publicação de editais controversos não deixam dúvidas sobre as intenções ardilosas que motivaram a proibição na verificação completa dos documentos. Pois então, como explicar a contradição contida nas publicações dos dois editais convocatórios (um no dia 18 e outro no dia 22), em princípio mantendo a tradição de acesso à documentação, depois revogando esse direito, sob a premissa de que o parecer da Comissão Fiscal somente seria conhecido por meio de "recursos audivisuais" no momento em que deverá ser votado. Constrangimento maior se deu a partir da publicação do primeiro edital, quando diversos conselheiros se dirigiram à sede do Conselho buscando acesso aos três documentos e, lá chegando, foram surpreendidos com a ausência do parecer da comissão fiscal, sem qualquer explicação plausível. Tal foi a indignação, que alguns destes representantes de nosso quadro associativo recorreram à Justiça para fazer jus a um direito que sempre lhes pertenceu. Já o segundo edital, que salienta que o parecer da Comissão Fiscal somente será apresentado na hora da votação, deixa clara a real intenção de reduzir o tempo para uma observação minuciosa dos documentos apresentados , negando aos conselheiros o livre direito de tomarem a decisão de voto de forma equilibrada e criteriosa. Isso, por certo, não condiz com o discurso de transparência apregoado pela atual gestão.


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