quarta-feira, 24 de março de 2010

Transparência às avessas

Na próxima quinta-feira (25), o egrégio Conselho Deliberativo do Santos Futebol Clube irá apreciar as demonstrações contábeis do exercício findo em 31 de dezembro de 2009. No entanto, é de se lamentar a atitude adotada pela atual gestão do Conselho Deliberativo do Santos FC em dificultar o acesso dos conselheiros aos demonstrativos financeiros e os respectivos pareceres da auditoria independente e da Comissão Fiscal referentes ao balanço financeiro referente a 2009, último ano de minha gestão, o que denota total falta de transparência e motiva grande desconfiança a cerca das reais intenções que motivaram essa iniciativa condenável.


Ao impedir vista aos documentos, os atuais dirigentes do Conselho rompem com uma tradição de 25 anos do clube e, ao que parece, tentam mais mais uma vez dar contornos políticos a um processo técnico e financeiro, que exige análise criteriosa por parte dos conselheiros. Sempre entendemos dessa forma e, durante todo o tempo em que estivemos à frente do Santos FC, sempre demos total transparência a esse processo, colocando à disposição de todos os conselheiros todas as informações necessárias, nos prazos e condições para que os mesmos pudessem conhecer em detalhes os números de nossa gestão.


A publicação de editais controversos não deixam dúvidas sobre as intenções ardilosas que motivaram a proibição na verificação completa dos documentos (confira os editais abaixo no post). Pois então, como explicar a contradição contida nas publicações dos dois editais convocatórios (um no dia 18 e outro no dia 22), em princípio mantendo a tradição de acesso à documentação, depois revogando esse direito, sob a premissa de que o parecer da Comissão Fiscal somente seria conhecido por meio de "recursos audivisuais" no momento em que deverá ser votado.

Constrangimento maior se deu a partir da publicação do primeiro edital, quando diversos conselheiros se dirigiram à sede do Conselho buscando acesso aos três documentos e, lá chegando, foram surpreendidos com a ausência do parecer da comissão fiscal, sem qualquer explicação plausível. Tal foi a indignação, que alguns destes representantes de nosso quadro associativo recorreram à Justiça para fazer jus a um direito que sempre lhes pertenceu. Já o segundo edital, que salienta que o parecer da Comissão Fiscal somente será apresentado na hora da votação, deixa clara a real intenção de reduzir o tempo para uma observação minuciosa dos documentos apresentados , negando aos conselheiros o livre direito de tomarem a decisão de voto de forma equilibrada e criteriosa. Isso, por certo, não condiz com o discurso de transparência apregoado pela atual gestão.

Por informações que nos chegam, originadas no seio de parte dos próprios atuais dirigentes, o parecer da Comissão Fiscal, que deve se limitar às análises contábeis, vai ao confronto com o parecer da Auditoria Independente, que recomenda a aprovação das contas de 2009. Vale ressaltar que a Comissão Fiscal foi composta de forma política, enquanto a Auditoria Independente reúne membros capacitados, com expertise de mercado, devidamente certificados no Conselho Federal de Contabilidade. Já a Comissão Fiscal conta apenas com um contador, o restante de seus membros são profissionais com outras atuações e sem o conhecimento técnico necessário para fazerem uma análise fiel de números financeiros.


Segundo informações passadas pela própria Comissão Fiscal, seus membros foram indicados a partir de 15 de janeiro deste exercício, não sendo possível acompanhar mensalmente a apresentação dos documentos contábeis, não tendo tempo suficiente para dar um parecer correto e honesto sobre o exercício de 2009. Como eles podem recomendar a não aprovação se reconhecem que não tiveram tempo para analisar com critérios o balanço? A Comissão Fiscal anterior analisou desde Janeiro até 31 de outubro de 2009 todas as contas e não apontou nenhuma irregularidade, assim como a Auditoria Independente. As contas e os números do balanço estão corretos e na mais perfeita ordem, conciliando com todos os documentos do Clube, conforme comprova o parecer da Auditoria Independente.

Se a Comissão Fiscal aponta algumas dúvidas sobre fatos administrativos da Diretoria, por quê seus membros não chamaram os responsáveis para os devidos esclarecimentos? Por quê nem foi dado o direito de defesa dos integrantes da Diretoria, antes da finalização do atual parecer político da Comissão Fiscal? Por inúmeras vezes, os diretores anteriores se colocaram a disposição para dirimir qualquer possível dúvida, colaborando com a atual gestão reconhecendo o tempo limitado e apropriado para as reais conclusões.


A administração anterior permaneceu no Clube desde Janeiro de 2000 e teve todos os seus balanços auditados por empresas especializadas independentes, publicados em jornais de grande circulação desde 2001, e aprovados pelo Egrégio Conselho Deliberativo, todos eles referências de seriedade e transparência para todos os clubes e instituições do País.

A atual diretoria herdou todos os jovens atletas oriundos dos investimentos das Divisões de Base, que encantam o futebol brasileiro e serão fontes de lucros em prováveis futuras negociações. Caso os ex-dirigentes quisessem transformar o Balanço Patrimonial em números positivos, venderíamos um dos Meninos da Vila para equilibrar as contas e fechar em azul o Balanço de 2009. Contudo, o mais importante foi e continua sendo manter estes pratas-da-casa que formam este maravilhoso plantel do Santos FC, formado nas categorias de base da gestão anterior.


O que mudou da eleição para cá? Afinal de contas, quais segredos podem conter um parecer dos atuais membros da comissão fiscal a não ser o propósito político de tentar desvalorizar nosso vitorioso trabalho, uma vez que eles contrariam o parecer favorável da auditoria independente - esta sim composta por profissionais capacitados para realizar uma avaliação técnica desprovida de intenções políticas.

Ao alterar conceitos numéricos e induzir a falsos entendimentos, a atual gestão insistentemente tenta induzir a erro e manchar uma administração competente e honesta, cujos resultados estão à vista de todos e no grande patrimônio legado.

Esperamos que, nesta quinta-feira (25), os conselheiros compareçam ao egrégio Conselho Deliberativo, votem com responsabilidade e conscientes, sem revanchismos ou rancores políticos, pois as eleições terminaram e o Santos FC deve prosseguir em sua normalidade e paz, na verdade e pela justiça.
 
Saudações a todos!
 
Marcelo Teixeira
 
EDITAL PUBLICADO NO JORNAL A TRIBUNA NO DIA 18
EDITAL PUBLICADO NO JORNAL A TRIBUNA NO DIA 22

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