quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

O ressurgimento da Fênix adormecida

Dia 15 de dezembro, é uma data marcada por diversas simbologias para todos os santistas. Até esta data, há oito anos, tínhamos faixas viradas nos estádios, uma torcida envelhecida e infeliz, o orgulho ferido, um patrimônio dilapido por dívidas e um grito guardado por dezoito anos na garganta.

Todo este simbolismo triste, mas real, na vida do torcedor chegou ao fim no dia 15 de dezembro de 2002. Nesta data, um garoto de 18 anos, vestindo o manto preto e branco, fez a diferença e, junto com um grupo de Meninos da Vila, devolveu o orgulho dos devotos do Santos Futebol Clube.

Esta é uma data que jamais esquecerei. Quando reassumi a Presidência do clube em 2000, prometi que recolocaria o Santos FC no caminho dos títulos. Queria fazer o mesmo que meu pai, Milton Teixeira, presidente campeão paulista pelo Peixe em 1984, então último título de relevância do clube. Batemos na trave em 2000 e 2001 por detalhes que hoje não tenho dúvida que foi obra divina. Queria Deus mostrar que o caminho da vitória do Santos é sempre revelando valores.

Não me esqueço que em 2000 e 2001, o saudoso amigo Luiz Souza Júnior insistia que investíssemos em meninos. Foi ele que me convenceu a trazer para o clube nomes como Fábio Costa, Renato, Elano e Alex. Jovens valores, mas sem nenhuma expressão quando chegaram ao Santos. Foi o primeiro passo para montarmos a base do time vencedor.


Elano, um menino da Vila que contratei do Guarani

Depois de batermos duas vezes na trave, pensava que não conseguiria concluir meu sonho de fazer o Santos campeão. Neste momento, já no início de 2002, voltamos nossa atenção para a recuperação do Patrimônio físico do clube, que estava muito lapidado, e para a profissionalização os serviços do clube. Pensava que se não conseguisse fazer o time campeão dentro de campo, iria fazê-lo fora dele.


Mas outra obra divina aconteceu e uniu duas marcas fortes e que estavam deixadas de canto: Santos FC e Emerson Leão. Não tenho dúvidas que foi Deus que iluminou a Dona Josefina, esposa do ex-presidente da FPF Eduardo José Farrah, que me convenceu a contratar Leão, que tinha acabado de ser demitido da Seleção Brasileira e estava em baixa.


Falei ao Leão que tínhamos grandes promessas no clube. Diego, Robinho, Fábio Costa, Renato, André Luiz e outros. E ele aceitou o desafio de dirigir este novo momento do Santos, onde a base voltaria a ser valorizada. Acordo fechado e Leão teve quatro meses para treinar a segunda geração de Meninos da Vila.


Começa o Brasileiro e ninguém acreditava no Santos. Nem imprensa, nem adversários, nem especialistas. Apenas os santistas cuja fé é inabalável acreditavam naqueles meninos do Leão.


O Santos FC chegou ao mata-mata como último colocado, graças à derrota de um rival, e teria que enfrentar o São Paulo, campeão da primeira fase. Missão impossível? Para o Alvinegro Praiano isso não existe.


O Peixe venceu dentro de campo um time que tinha Kaká, Luis Fabiano, Ricardinho e outros. Uma derrota que acirrou ainda mais a rivalidade entre Santos e São Paulo. Depois foram duas batalhas contra o Grêmio, sendo que a primeira na Vila, o menino Robinho e o experiente Alberto deixaram o veterano goleiro Danrlei com muita raiva. E, como só vencem guerras que prosperam em batalhas, o Santos avançou para as finais.


Após vencer por dois a zero o primeiro jogo das finais, chegamos no dia 15 de dezembro de 2002 querendo acabar com um jejum de 18 anos. E o adversário era ninguém menos que o Corinthians, campeão da Liga Rio-SP e da Copa do Brasil naquele ano. Foi um espetáculo voltar a ver a torcida do Santos FC dividir por igual o Morumbi com a torcida do Corinthians, que estava cheio com 74.592 espectadores.


Lembro bem daqueles 90 minutos. Foram os 90 minutos mais intensos de toda a minha vida. Começa o jogo e Diego, destaque da primeira partida, sai machucado. Para tranqüilidade, ainda tínhamos o Maestro da Vila no banco. Robert entra e cadencia o time.


Logo após, aos 37 minutos o abusado Robinho dá oito pedaladas em Rogério e arruma um pênalti, cobrado e marcado por ele mesmo, dando a vantagem para o Peixe. Mas, vem o segundo tempo e o Corinthians virou para 2 a 1. Foi uma agonia que só acabou aos 43 minutos do segundo tempo, quando Robinho dá uma assistência fenomenal ao Elano que marca um golaço. E, após deixar Kleber e Vampeta no chão, aos 47, Robinho acha Léo que liquida a fatura. 3 a 2. Santos campeão brasileiro pela sétima vez.


As eternas pedaladas de Robinho

O dia 15 de dezembro de 2002 é uma página importante da história do maior clube do mundo. Depois desta data, o patrimônio e o futebol de base voltaram a ter a devida atenção do clube, se tornando a prioridade das ações administrativas. Pois são áreas vitais para a conquista de novos títulos, como foi provado naquela data e em outras que vieram depois. Depois daquele título o mundo do futebol viu como Davi vence Golias. E é investindo na base. Que o digam Paulo Henrique Ganso, André, Alan Patrick, Neymar e que dirão Jean Chera, Gabriel e Tiago Alves. Dia 15 de dezembro de 2002. Esta data está marcada pelo ressurgimento da Fênix adormecida do futebol mundial. E tenho muito orgulho de ter construído este momento.
 
Assista o video especial do Brasileiro de 2002


Jogos para Sempre- Final do Brasieiro de 2002

Um comentário:

  1. DANIEL FERNANDES MARQUES15 de dezembro de 2010 às 23:17

    Parabens Marcelo....Sua administração foi recheada de tantos meritos, que renderá frutos para o clube durante muitos e muitos anos...Veja, a questão do reconhecimento dos titulos, as promessas da base, o time campeão deste ano onde 80% foi montado por você e por ai vai. Saudações Alvinegras !!!!

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